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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ler é muito bom, mas requer muito cuidado e atenção

Ler é muito bom, mas requer muito cuidado e atenção, em todo e qualquer texto, inclusive nos meus, não somente pelo entendimento em si, ou pelas interpretações possíveis, posto que a linguagem comum e corriqueira é viva e dinâmica, e assim palavras individuais podem possuir, e muitas vezes possuem, significados diferentes para pessoas diferentes, por motivos diversos, mas também pela possibilidade mal intencionada de quem o escreveu . Desta forma, a leitura acaba tendo um pouco, ou muito, de abstrata quanto a não objetividade real daquilo que o escritor exatamente gostaria de ter escrito, daquilo que ele sentia, daquilo que ele pensava. Exatamente por isto, para a ciência existe uma linguagem muito mais própria, que é a matemática e a “axiomatização”, buscando por acabar, ou pelo menos, reduzir ao máximo a subjetividade da interpretação de cada leitor.


Quantas vezes relemos, em diferentes momentos, o mesmo texto, e percebemos nuances diferentes nele, algumas vezes damos inclusive nova roupagem de sentido a todo o texto, outras vezes lemos nossos próprios textos, em momentos diferentes, sob nova realidade do viver, sob novos contextos, e percebemos sentidos diferentes daquele que desejávamos ter expressado no texto.

Tentar entender o momento temporal, o escopo que norteou a escrita daquele texto, em especial, o local, a história de quem o escreveu, o contexto sobre o qual foi escrito aquele texto ou em que vivia o escritor quando o escreveu, minimiza o risco, mas a certeza absoluta somente será possível se questionarmos o autor, e mesmo assim se ele for sincero o suficiente para passar o sentido desejado quando o escreveu, uma vez que graças a plasticidade de nosso cérebro e assim a nossa plasticidade como seres pensantes, o próprio tempo já pode ter feito o autor mudar de opinião desde o momento em que produziu aquele texto.

A leitura deve ser, assim, crítica, mas não fechada, deve ser crítica sobre todas as variações possíveis de interpretações que percebamos em nossa leitura, deve inclusive nos levar a procurar estas variações de interpretações, para que minimizemos o risco de também ler unicamente com o filtro de nossos próprios preconceitos.

Isto não é necessariamente um defeito do texto escrito, e também não necessariamente uma falha do leitor, entendo até como uma virtude, pois o leitor passa a ser ativo no que lê, e passa assim a ter um comprometimento mútuo com o autor na leitura dos textos, passa a ter algum comprometimento com o que lê, passando para esta leitura um pouco de seu viver, do seu eu vivente, e de sua análise crítica, uma vez que para textos científicos ou de precisão, existem outras formas de linguagem próprias. Entendo assim que a redundância não seja necessariamente um erro de estilo, ou de incapacidade, e seja sim um estilo para dar maior facilidade na leitura, pela possibilidade de sobreposição dos sentidos interpretados no assunto lido, a falha ocorre, ao meu ver, quando a redundância em si leva a impossibilidades, incongruências, ou a inconsistências de sentido, ou se a redundância é muito óbvia que perde todo o sentido de ser, qual seja o de tentar passar por outras palavras e sentenças a mesma mensagem. 

Outro risco na leitura, e bastante comum, é crer facilmente no escrito, é acreditar que o escritor possui, mais do que nós mesmos, conhecimentos que fazem deles autoridades naquele saber, quando a maioria das vezes isto não é verdade, ou pelo menos para aqueles que estudam e buscam encontrar o conhecimento. Acreditar as cegas, sem racionalizar, sem algum ceticismo, sem uma boa análise crítica é muito arriscado em si, podemos estar sendo enganados intencionalmente ou mesmo por mero desconhecimento ou incompetência do autor. O texto pode ter sido escrito exatamente para alcançar e atender objetivos do autor, que podem ser por si só incompetentes, desumanos ou mesmo sujos, maliciosos e mentirosos, podendo assim se fazer valer de falácias, de verossimilhanças, de induções falsas, de mentiras descaradas, apenas para atingir o objetivo de catequisar, e de convencer o leitor. Alguns autores não buscam a verdade naquilo que escrevem, mais sim buscam convencer e ganhar novos adeptos ou seguidores, e assim seus textos podem mesmo estar cheio de inverdades por mera incompetência, interesses ou ignorância de quem o escreveu. É claro que no caso de contos, poesias, ou romances, nada disto vale, pois a beleza maior é realmente voar com o escrito, é viajar com o autor, mesmo que por impossibilidades naturais, mas que dão enredo, ritmo, curiosidade ou emoção e sentimento ao texto.  

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