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terça-feira, 13 de maio de 2014

Ódio e dor

Acredito que não haja novidade no que vou comentar. Vendo um filme com meu filho apareceu a seguinte assertiva: “Enquanto houver ódio, haverá dor”. Sim, o ódio é contra a vida e a dor é parceira do ódio, dor de quem odeia, e dor que o ódio obriga a fazer com os irmãos. Eu acrescentaria, talvez sem nenhuma novidade, que: “Enquanto houver dor, sofrimento, abandono, segregação, exclusão, exploração, opressão e miséria, aí haverá, mais cedo ou mais tarde, ódio”.
Será um ódio de quem já, muitas vezes, nada ou quase mais nada tem a perder, pois que a própria dignidade humana já foi perdida quando a sociedade o fez um nada, ou um quase nada, um pária esquecido de nossa sociedade, não por escolha própria, mas sim por força desumana de nossa falaciosa “humana” sociedade, quando a desumanidade coletiva de nossa sociedade o fez perder se não toda, pelo menos boa parte de sua autoestima e a relação do que seja ser humano, e esta mesma sociedade, que no fundo somos também nós, ainda o culpa como se um pária por escolha própria fosse, relegando-os a uma classe dos sem classe, dos sem referencia humana, dos desprezados seres quase inumanos. Não deixamos para eles lugar para existirem como humanos, e ainda os culpamos pela miséria e pelo estado de abandono, porque nos falta coragem de nos ver culpados. Nos esquecemos que todos os bens são finitos, e tudo que nos sobra falta a alguém, tudo que acumulamos retiramos de outros, tudo que temos sem precisar subtraímos de alguma pessoa, e tudo que deixamos os outros acumularem, ou terem sem necessidade real, o fazemos por omissão e estamos relegando muitos a nada, ou quase nada, terem. Esquecemos também que sempre que agimos de forma preconceituosa com alguém, ou deixamos outros agirem desta forma, estamos levando sofrimento a este alguém. Sempre que exploramos ou oprimimos alguém ou deixamos outros explorarem e oprimirem, somos responsáveis direta ou indiretamente pelo sofrimento, pela dor deste alguém, e se este sofrimento ou esta dor se transformarem em ódio contra nós, imediatamente gritaremos que não somos culpados daquela dor, daquele sofrimento, e assim não merecemos o ódio daqueles que abandonamos a sorte do azar, ou ao azar da sorte. Como somos hipócritas, fingidos e cínicos quando lavamos as mãos pela dor dos outros, e nos escondemos por detrás apenas de pequenas caridades (que necessárias), mas que nada transformam na sociedade, ou quando nos omitimos em plena inação e falta de revolta humana pelo estado de abandono social e político daqueles que podem se virar contra nós.

A sorte da nossa sociedade é que eles, os abandonados e excluídos, junto aos oprimidos e explorados, não sabem a força que teriam caso se unissem, pois que não tendo nada, ou quase nada mais a perder, tudo para eles é permitido, e toda vitória é uma forma de melhorar o que são.

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