Ninguém precisa me ouvir. Ninguém precisa me seguir. Ninguém
precisa me ler. Não sou exemplo direto, ou indireto para ninguém. Tento apenas ser
um ousado aprendiz, revoltado pelo que não fiz, pelo que não faço, e pelo que não
consigo transformar, horas rebelde, horas ousado, mas a maior parte do tempo um
infeliz omisso, mais um caso de descaso entre todos os casos que se omitem. Tento
ser um leitor contumaz da realidade que me cerca, mas não por isto sou
diferente, nem melhor e nem pior, sou assim um qualquer, não mais que qualquer
um, mas diferente exatamente pela simetria não regular do quanto busco ser,
sendo muitas vezes muito menos do que deveria, sem deixar de em outras inúmeras
vezes me omitir, quando a revolta deveria, ela mesmo, me provocar e me
transformar em mais um elo de alavancagem da tão necessária transformação,
transformação esta que deve primeiro passar por mim, para que possa pelo menos
incomodar aos que se encontram em seu estado de conforto, pelo que a sociedade
lhes serve de sustentáculo, e de letargia pela falta de vontade de transformar.