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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Transformação

Somos um pouco hipócritas se achamos que podemos mudar realmente o mundo, sem mudarmos a nós mesmos, ou que possamos ajudar nesta transformação sem nos expormos ou nos comprometermos de corpo e mente com nossa doação e nossa real luta. Sem um compromisso pleno poderemos até conseguir algumas mudanças, mas serão todas temporárias ou meramente superficiais, daquelas que não chegam a levar a lugar algum novo. Estaremos apenas trocando de mãos o poder, e com o tempo, porque somos os mesmos, tudo volta ao que antes era. Não desejamos ficar trocando de mão o poder, e no geral nem desejamos o poder em si mesmo, o que queremos é uma transformação social, onde todos possam realmente ter responsabilidades uns sobre os outros, direitos comuns, e liberdades desde que estas não impactem socialmente a ninguém, ou coletivamente a própria liberdade de todos.


Agora, a transformação de nós mesmos deve começar por nós mesmos, pode parecer óbvio, mas não tem nada de simples, e começa com exercício do livre direito de reivindicar, de cobrar, de expor nossa revolta, de buscar algo de novo, que reconfigure ou transforme o velho que nos enche de mofo e poeira, aquilo que passamos a ser por inação, por descaso, por interesses ou por medo. A transformação passa também, e necessariamente, pela coragem de se expor, mas passa também pelo entendimento aos limites, direitos e deveres de todos nós, de cada um de nós, e assim aliando vontade, com coragem e com respeito, poderemos dar início a nossa transformação, pela busca de alguma transformação daquilo do que já aqui está. Como já comentado, a transformação de cada um de nós e da própria sociedade deve passar pela defesa do livre direito da livre reivindicação, deve garantir pleno exercício da soberania humana sobre os interesses duvidosos do próprio sistema e do governamental, deve dar mais valor as necessidades de nossa sociedade do que sobre o desejo do estado, já que este deve à sociedade sua existência. Simples de falar, mas de difícil prática, em especial no ajuste fino desta prática, pois que não pode ser suave demais, sob pena de não levar a lugar algum, mas não deve ser pesado demais, sob pena de pelo contrário perder a força da mobilização coletiva, frente ao exagero aplicado. Mãos a obra e coragem para a transformação individual pela ousadia, pela retirada de nosso estado de inércia estapafúrdia, pela busca, pela luta, pela coragem, pela vontade, e pela construção de pequenas transformações que simbioticamente interagirão entre o interno e o externo, entre o que sou e o que a sociedade é, entre o que desejo para mim, e o que a sociedade plural e humana deseja para todos, e em crescente recursividade nos dará a oportunidade de sermos diferentes, de realizarmos diferente, e de criarmos uma sociedade diferente. Somos um povo marcado pela nossa incapacidade de fazer acontecer qualquer maior e necessária transformação, sempre foi o estado que transformou e fez parecer que éramos nós o veículo ou o alvo das transformações. É necessário algum estado mental de revolta, mas não a revolta pela revolta, e sim a revolta como força motriz, como energia motivadora e meio de alavancarmos nossa própria energia e motivação, mas é necessário um estado mental de revolta que não abra mão de uma clareza de objetivos, de uma racionalidade crítica, e do respeito a todos e a cada um de nós. Todos somos um, e cada um em si compõe em sua diferença um com o todo plural, democrático e social. 

Quase me sinto ofendido quando ouço que estamos errados por lutar contra as desigualdades, como se natural fosse a existência desta desigualdade e dos excluídos, tentam assim nos confundir, a desigualdade com os desiguais, com os diferentes. Lutemos sim contra as desigualdades, não contra os desiguais. Somos múltiplos e desiguais, que ótimo que assim o seja, é na diferença, é na variação, e no certo atrito entre eles que surgem as ideias positivas, que surgem os caminhos para nos manter desiguais, sem desigualdades sociais, financeiras, ou educacionais, que possibilite uma democracia global e não uma ditadura das maiorias. É na pluralidade e é nas diferenças que a sociedade ganha força. Lutamos contra as desigualdades e não contra os desiguais, que mal intencionados tentam nos fazer confundir. E para terminar devo lembrar que as transformações não são feitas pelos idealistas, e sim pelos realistas, pelos que agem, pelos aventureiros, pelos que caminham na frente, e não pelos que passam a vida a filosofar. É conseguida pelos que lutam e não somente por aqueles que se escondem sob a máscara de pensadores. É a ação que leva a transformação. É a experiência que leva a perfeição, e é a coragem que dá força a nossa humana humanidade.


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