Somente a leitura nada transforma. Obre, ouse, exponha-se, comprometa-se e caminhe com empatia. . . . . . . . . . . . Transformando o Ser ==> www.transformandooser.blogspot.com

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Heróis?

Utilizando-me de uma colocação de Bernard Shaw “Desgraçados os povos que necessitam de heróis”, eu acrescentaria mais, que principalmente quando é o próprio sistema que tenta de forma midiática construir heróis que são por si só, em sua grande maioria, alienados à realidade social e humana de nosso país, ou mesmo quando estes heróis que a sociedade procura, o faz apenas cobrir algum buraco existencial em nossas próprias vidas, ou a necessidade de torcer por heróis quando nos falta ação, comportamento, ousadia e atitude para trabalharmos, por nós mesmos, sempre visando o coletivo, pelo que nossa sociedade necessita, pelo que nos faça heróis secretos de nós mesmos, não por nós mesmos, mas pela construção ou transformação social, que nos permita perceber que somos parte de algo maior, de algo útil, e de algo verdadeiramente  digno, natural, humano e social. 


Não necessitamos de heróis, por mais agradável ou motivador que possa parecer termos heróis. Necessitamos sim de coragem e ousadia, de respeito humano e social, necessitamos aprender a pensar de forma livre e independente, precisamos cobrar ao estado o respeito a nossa existência, buscando nossos direitos e nossa liberdade, sem esquecermos de nossos deveres e obrigações. Necessitamos comprometimento entre nós, por todos, local e universalmente, para consciente e respeitosamente sermos libertários sem libertinagem ou desrespeito ao humano e ao social, tendo em mente que a minha liberdade termina onde inicia a liberdade dos outros, de exigirmos educação completa, integral, multidisciplinar e motivadora, que ative nossa curiosidade, que nos force a pensar e repensar nossa existência como seres humanos e como seres sociais, que nos leve a algum ceticismo, que nos ensine a pensar livremente e dentro de uma forma crítica, racional e profunda, que nos leve a questionar nossos conceitos, nossas crenças, nossa moral e ética, e toda e qualquer verdade, tida ou não como absoluta, sem respaldo científico, crítico ou racional, e que nos permita analisar criticamente nossa existência, que nos faça cidadãos de primeiro nível, não pelo que possamos ter, mas pelo que somos e pelo que representamos enquanto seres humanos, e que principalmente seja uma educação laica e alinhada ao bem estar social, aos avanços da ciência e ao respeito por todos, que não nos faça meros executores ou seguidores, mas que nos torne livres, críticos, e amantes e defensores da natureza e compromissados sinceramente com a dignidade humana.

Não somos heróis, no fundo ninguém o é, somos, ou deveríamos ser, membros de um corpo social, órgãos de um ser coletivo, “neurotransmissor” das sinapses sociais, seres humanos em uma sociedade humana, sem nos eximirmos de nossas responsabilidades e sem nos omitirmos de nossas obrigações naturais para com esta sociedade e para com o nosso planeta e todos os seus nichos ecológicos. Somos homo sapiens, mas somos apenas humanos quando realizamos nossa humanidade, com empatia não somente pelos nossos, mas também pelos outros e inclusive pelos animais. Somos homo sapiens, uma espécie de primata, nada melhor, nada mais importante, nobre, ou mais evoluída do que qualquer outra espécie, apenas mais uma espécie, e quando entendermos que somos muito pouco frente a grandeza do universo, talvez aprendamos a ser mais humildes conosco mesmo, com todos e com a própria natureza que nos permitiu existir, que não é nossa, e que existirá (talvez até melhor) sem nossa presença, mas ao contrário, nós jamais existiríamos ou existiremos sem a natureza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário