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quarta-feira, 26 de março de 2014

Escrevo por desassossego


"[Não escrevo] por amor, mas por desassossego. Escrevo porque não gosto do mundo em que vivo."
Saramago ao ”El Día”, Tenerife, 15 de janeiro de 2003.


Praticamente não conheço Saramago, a menos de seus livros e do prêmio Nobel que ganhou, mas aqui e acolá vou esbarrando com alguns pensamentos dele, e sem venerar a pessoa dele, e de ninguém, posto que humano deve ser cheio de falhas, ele vai lentamente se tornando, para mim, mais um daqueles que entram para o rol dos paradigmas humanos que entendo valer a pena conhecer. 

Escrever, para mim, necessita um que de revolta, de desassossego com o que aqui está. Escrevo por que gosto de escrever, não escrevo porque saiba bem escrever, escrevo o que gostaria de falar para muitos, mas minha voz não tem sonância além dos amigos e dos que mais próximo a mim convivem. Escrevo sem lirismo literário, sem prosa poética elaborada, sem perfeição linguística, e talvez com estilo desorganizado, mas escrevo o que sinto, e o que sinto é que no geral não gosto do que vejo em nosso mundo, localmente, e universalmente, por isso escrevo. Meus textos não passam por revisões apuradas, são publicados praticamente conforme acabaram de ser escritos, assim, entendo que passem melhor o que sinto e o que desejaria passar, se estivesse fazendo uso da comunicação oral, não teria como fazer revisão do falado, a fala reflete muito mais diretamente o que sentimos, até mesmo pela entonação vocal e pela facilidade de acrescentar gestos e sentimentos, por isso praticamente não reviso o que escrevo, são reflexo do que sentia e do como pensava no exato memento em que era criado. Alguns, acham que sou um tanto revoltado na escrita, mas é isso mesmo, outros acham que meus temas são polêmicos, sociais, e até certo ponto repetitivos, mas é isso mesmo, se escrevo o que quero falar, escrevo o que não gosto de ver e de sentir, e assim meus textos ganham certa característica revoltosa e de temática repetitiva, pois seria o que gostaria de falar, e gostaria sempre de falar defendendo o natural, o universal, o social e o humano. 

O pensamento acima, que repito abaixo, de Saramago, é de janeiro de 2003, mas para mim tem o frescor e a juventude do aqui e do agora. Pelo menos não sou o único louco por aqui. Se não escrevo por amor, mesmo com os possíveis erros, amo tudo o que escrevo. 


"[Não escrevo] por amor, mas por desassossego. Escrevo porque não gosto do mundo em que vivo."
Saramago ao ”El Día”, Tenerife, 15 de janeiro de 2003.

Em 1998 tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Saramago faleceu em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, em 2010.

José Saramago nasceu em 1922, de uma família de camponeses da província do Ribatejo, em Portugal. Devido a dificuldades econômicas foi obrigado a interromper os estudos secundários, tendo a partir de então exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. Seu primeiro livro foi publicado em 1947. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente da literatura, primeiro como tradutor, depois como autor.

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