Somente a leitura nada transforma. Obre, ouse, exponha-se, comprometa-se e caminhe com empatia. . . . . . . . . . . . Transformando o Ser ==> www.transformandooser.blogspot.com

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Compromisso


Tento ser comprometido com a vida, com o viver, e com a transformação social de este viver, e não somente preocupado com as ideias, pensamentos ou ideologias. Longe de ser perfeito, de ser melhor do que alguém, longe mesmo de ser apenas um bom humano, me vejo naturalmente revoltado pela desumanidade que, tenho a impressão, impera em nossa sociedade, longe e cada vez mais afastada de qualquer sensibilidade pela dor, pelo sofrimento, ou simplesmente longe da sensibilidade individual ou coletiva das mínimas necessidades humanas e sociais de milhões de irmãos.


Penso a existência humana, não somente a minha existência, mas principalmente a daqueles que ao longo do tempo foram sendo continuamente excluídos, oprimidos e explorados pela sociedade dominante, e penso mais, penso como a educação foi sendo cada vez mais irresponsável e nada transformadora, para com os seres que devia preparar, simplesmente porque esqueceu, ou fizeram-na esquecer, de que deveriam preparar indivíduos pensadores, questionadores, exigentes, cidadãos livres pensadores e críticos, indivíduos assim capazes de se questionarem, e de questionar o aqui e o agora, além de questionar o estado (in)social vigente. 

Em um impulso irresponsável e impensado meu, me vejo tendencioso a culpar os professores, mas basta um mínimo pensar e percebo que estes são também resultado do que o poder da sociedade, do estado, e da economia pensam sobre a importância da educação, sendo assim o resultado de uma política que disfarçadamente faz questão segregar a educação dos pobres, da educação do ricos, desvalorizando ao longo do tempo aqueles professores e seu trabalho.

Tenho a impressão, e torço estivesse totalmente errado, que a escola pública, retirando-se mínimas exceções que mais acabam por servir de álibi para mostrar falaciosamente que toda educação pública é de bom nível, acabam por existir por motivos não necessariamente o de formar cidadãos cônscios de seus deveres e direitos. Acabo entendendo que as escolas na verdade existem para catequisar e domesticar os seus alunos para que cresçam aceitando o que aqui está. Acabo também por entender que as escolas passam a servir o modelo econômico, servindo de local para que os pais possam deixar seus filhos, não com a prioridade maior de educa-los de verdade, mas sim de poder deixar seus pais livres para poderem trabalhar e produzir, pois que são em maioria mão de obra barata, e a sociedade precisa continuar explorando estes pais. As escolas acabam também por servir de “investimento” político para votos, servem também para minimamente alimentar as crianças e jovens que as frequentam, e para reduzir a pressão social, mantendo nestas crianças e nestas famílias a cega esperança de que seus filhos possuem ou possuirão as mesmas oportunidades que possuem naturalmente  os filhos dos ricos, abastados e dos políticos. Isto é pura falácia, é puro factoide. E assim o é pois que aqueles ricos, abastados e os políticos não colocam seus filhos nestas escolas públicas, em especial nas próximas a comunidades mais pobres e humildes. O próprio prefeito do Rio de Janeiro, ao vivo, falou que não colocava seu filho em uma escola da rede pública que ele é o responsável simplesmente porque não precisava, isto por si só já fala muito.

Entendo que no dia em que todo político, todo funcionário público ou de empresa de capital misto, de qualquer nível hierárquico, do mais humilde ao mais graduado, fossem obrigados a colocarem seus filhos nas escolas públicas, em todos os níveis escolares, teríamos naturalmente elevado os seus padrões de ensino. Os professores seriam valorizados, os diretores teriam maior cobrança, as escolas passariam a ter sua infraestrutura operando bem, a motivação voltaria a brilhar nos olhos de todos dos funcionários de todas as escolas, pela simples humana e profissional valorização destes trabalhadores. Desta forma teríamos sim uma real democratização do ensino público. No dia em que a educação for realmente entendida como uma coisa séria para a sociedade e para o poder dominante, político e econômico, estaríamos preocupados com as crianças, mas também com os pais e familiares destas crianças, estaríamos preocupados com o ambiente social em que estas crianças crescem, porque fora do horário escolar, estas crianças estão aprendendo, vivendo, realizando seu viver neste ambiente, e assim estaríamos preocupados com todas as escolas serem de turno único, as turmas terem um número limite aceitável pedagogicamente de alunos, com uma escola completa, com uma educação integral, compartilhada pelos pais e responsáveis, com um ensino multidisciplinar, integrado, dinâmico e moderno, estaríamos preocupados em integrar instrução, cultura, lazer, esporte, desenvolvimento social, para uma educação humana, social e profissional digna. Estaríamos preocupados em preparar a mente, o espirito mental e o corpo de forma integrada envolvendo capacidades filosóficas, sociais e cientificas para as nossas crianças.

Quando a educação for realmente uma prioridade de todos, todos estaremos compromissados com ela, e todos ganharemos com isto. Quando todos entendermos que a educação deva ser realmente uma prioridade social e humana de todos, e que uma educação integral possibilita a transformação de seres e assim leva a uma transformação de toda a sociedade, todos, indistintamente todos, mesmo os sem filhos, empenharão esforços em fazer da educação muito mais do que uma obrigação somente das escolas, mas uma obrigação de todo o coletivo, de cada um de nós, de mim, de você e dos outros. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário