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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Amo escrever

Eu realmente amo escrever, alguns já devem ter percebido minha fraqueza pela escrita, assim, a língua portuguesa (mesmo que não em sua forma pura e culta) é o meio formal que uso para tal. Apesar de gostar de nossa língua, amo acima disto, a linguagem em si, nossa capacidade de expor, argumentar, concordar, discordar, manter uma discussão sadia ou não, apoiar, motivar, ou mesmo revolucionar. Esta maravilhosa adaptação ocorreu por puro acaso da evolução, como é normal na evolução, em que alguns erros de cópias propiciam alguma adaptação, que acaba sendo selecionada, e que permitiu assim uma nova especialização, uma adaptação fantástica, que foi para mim um dos mais poderosos erros, mesmo entre outros também importantes. Cabe apenas comentar que nenhuma variação-adaptação deste porte, ou do porte da inteligência, da consciência, dos músculos, do esqueleto, da visão, e etc., ocorreu por um único erro de cópia geenética. Erros sobre erros, inúmeros deles, incontáveis talvez, alguns até mesmo neutros quanto à criação de alguma nova adaptação, foram sendo acumulados, e passo a passo, mínimos passos de cada vez, a capacidade conjunta de inteligência, estrutura física para voz, e capacidade linguística, foi sendo aprimorada. Isto possibilitou uma especialização única para aquele remoto tempo, breve até para o conceito de tempo geológico, que por si só nos dava uma vantagem substancial na corrida armamentista predador e presa, favorecendo de alguma forma as seleções naturais e sexuais, que possibilitaram deixarmos maiores números de descendentes. Entendo que esta adaptação, a capacidade de comunicação oral, cada vez mais aprimorada, permitia um algo a mais na nossa sobrevivência, e deste modo permitia que deixássemos mais descendentes vivos, e assim foi sendo selecionada, pela não menos “cega”, sem projetos ou destinos, e natural evolução.


Foi a linguagem, esta especialização, e com ela a nossa capacidade de comunicação, agora com uma forma predicativa cada vez mais complexa, que levou, ao meu pessoal ver, por um ciclo recursivo de feedback positivo, que a seleção natural “permitisse” cérebros cada vez maiores. Para este que escreve, foi a adaptação conjunta a uma capacidade de comunicação mais complexa, com uma linguagem cada vez mais poderosa e abrangente, o principal impulso recursivo para nossa evolução cerebral.

Entendo que o conjunto final da obra se reforçava mutuamente, mais habilidade manual, maior capacidade de locomoção com maior economia de energia, maior capacidade de convivência em grupos cada vez maiores, e a criação de primárias ferramentas, e uma linguagem cada vez mais eficiente e poderosa ajudaram na seleção recorrente de cérebros cada vez mais poderosos também, e um cérebro mais poderoso reforçava as capacidades que se desenvolviam. Um levando ao outro que puxava o um e assim recursivamente até o hoje. Continuo porem, seriamente crendo que foi a especialização coordenada de capacidades físico-mecânicas que possibilitava domínio da produção sonora, com a habilidade de mentalmente criarmos formas cada vez mais complexas de linguagem, aquilo que foi o principal estopim para nossa crescente evolução mental-cerebral.

Assim, sem menosprezo aos amantes da língua portuguesa, de qualquer língua, devo meu maior respeito aos linguistas em geral. Escrever e falar bem é importante sim, mas a comunicação em si é muito mais importante, para mim.

Tenho total consciência que estou longe de um domínio profundo da língua, mas me esforço em expor o que sinto, o que creio, o que penso, estando sempre aberto a novas formas de percepção, não significando isto que manter um estado de mente aberta constitua ter um buraco aberto na mente, para absurdos.

Assim, nos utilizamos da linguagem, até mesmo para pensar, racionalizar e buscar alternativas, necessitamos da linguagem para expor o que pensamos, o que sentimos, o que queremos e o que precisamos, necessitamos dela para discutir, para manter um debate, e para concordar ou discordar. Amo a física e a matemática, mas sobra um grande espaço para amar a linguagem, talvez sem ela, não estivéssemos aqui e a própria matemática e a física como estudo do que existe não existiria (pois a física em si sempre existiria, pois que a realidade física existe, ela é a própria realidade, não que a física faça a realidade, mas sim que a realidade é a própria física).

Viva nossa especialização, adaptação e seleção natural de algo como a capacidade de linguagens complexas. Penso que sem ela, poderíamos ter nos perdido por outros caminhos evolutivos e não estarmos aqui, pelo menos como hoje somos. A capacidade de uma linguagem predicativa cada vez mais complexa e dinâmica foi essencial para hoje sermos o que somos, tanto para o bem e quanto para o mal.



Adorar escrever significa apenas que gosto muito de colocar na tinta o que gostaria de falar a muitos, por alguma transformação de nosso ser, não que o saiba fazer bem. Escrever para mim não é apenas uma relação com algum papel, ou algum dispositivo eletrônico como o que uso agora, é muito mais uma necessidade de relacionamento comigo mesmo e com os outros, com o mundo, e com o que gostaria de transformar neste mesmo mundo, se iniciando por me provocar a ser diferente do que eu mesmo era antes de fazer o texto, cada texto.  Se escrever não me possibilitasse nenhuma transformação, escrever para que?.

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